Texto da deputada estadual Luciana Rafagnin.

 Companheiras,

É com muito orgulho das conquistas e dos avanços das mulheres em nossa sociedade que me dirijo a vocês hoje. Desde que a mulher conquistou o direito ao voto no Brasil, há 81 anos, isso foi em 1932 ainda com algumas restrições, e depois, em 1946, com o voto obrigatório a todos os brasileiros na idade prevista em lei e com isso veio o direito de votarmos e de sermos votadas, temos gradativamente derrubado inúmeras barreiras à participação política da mulher.

Hoje, vivemos em uma Nação livre e em pleno crescimento econômico e social, governada por uma mulher, a presidenta Dilma Rousseff. No segundo posto político mais importante do governo federal, está a nossa ministra-chefe da Casa Civil e senadora paranaense, Gleisi Hoffmann. Depois, temos uma sucessão de ministras, secretárias, presidentas e diretoras das estatais nacionais. O nosso governo federal é um espelho para todas as brasileiras, mulheres e meninas, de que somos importantes, valorosas e agentes ativas da transformação do País e das nossas realidades.

Mas a data do 8 de março é importante também – e é por isso que ela foi incorporada ao calendário internacional – por marcar um dia de reflexão e de lutas sobre os direitos da mulher em todo o mundo. Um dia para analisarmos e buscarmos avançar naquilo que ainda precisa melhorar. Em 8 de março de 1857, cerca de 129 operárias de uma indústria têxtil norte-americana morreram carbonizadas na fábrica em que trabalhavam, em represália à greve da categoria pela redução da jornada diária de trabalho de 16 para 10 horas. Elas defendiam também a equiparação salarial com os homens, pois recebiam apenas 1/3 do salário deles nas mesmas atividades e funções, além de reivindicarem tratamento digno no ambiente de trabalho.

Depois de inúmeras lutas, as mulheres, de um modo geral, ainda recebem pouco mais de 70% do salário que um homem ganha para executar as mesmas tarefas, atividades e desempenhar as mesmas funções. O assédio moral e sexual é uma luta diária e a educação não sexista e preconceituosa ainda é parte de um esforço muito grande do governo federal, dos conselhos gestores, das organizações dos professores e da sociedade civil. Nos meios de comunicação e na publicidade, a figura da mulher ainda oscila entre o machismo da exploração do corpo feminino e imagem santificada da mãe, da doçura, da meiguice e da mansidão.

Mas a maior dívida social, moral e cultural que ainda temos de resgatar para transformar a realidade de milhões de brasileiras é a de enfrentarmos com coragem e combatermos a violência contra a mulher. Fora e muito especialmente dentro de casa, que é onde ela mais se reproduz. O Mapa da Violência 2012, publicado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), com base nos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, apontou e a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a violência contra a mulher do Congresso Nacional constatou em diligência, visitas e audiências públicas realizadas no estado no ano passado, que o Paraná é o terceiro estado brasileiro no ranking da violência contra a mulher. A média de homicídios aqui é de 6,4 mortes para cada 100 mil mulheres na população, o que nos coloca em uma posição acima da média nacional de 4,6 homicídios femininos nessa mesma proporção. E o que é pior: cerca de 72% dos casos acontecem dentro do “lar, doce lar”, tendo como principal agressor o próprio marido da vítima, parceiro ou ex-parceiro.

Para que no ano que vem estejamos aqui, reunidas e comemorando mais conquistas, avanços sociais, políticos e econômicos, temos de manter firme a fé inabalável na nossa luta e no nosso poder de voz, de voto e de participação. Temos de manter os olhos bem abertos para enxergar e corrigir os problemas. É assim que se caminha, de cabeça erguida, em direção ao futuro.

Feliz 8 de Março – Dia Internacional da Mulher!

Luciana Rafagnin

Deputada Estadual – Líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa do Paraná

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