Uma alegria ter participado no sábado, em Cascavel, da comemoração do assentamento de 71 famílias sem-terra da comunidade Resistência Camponesa.

A luta pela terra do Assentamento Resistência Camponesa existe há 26 anos e inclui uma série de mobilizações, desde os primeiros esforços pela regularização do território em 2015, até a vitória mais recente com a aquisição da Fazenda São Domingos pela União, em 2024, pelo Incra.

Nestes 26 anos de existência do acampamento, a área foi reestruturada com a construção de um barracão comunitário, campo de futebol e a agroindústria para a comercialização de mandioca orgânica.

De 1999, quando a área foi ocupada, até 2024, o destino das 71 famílias teve muitas reviravoltas. Ficaram a um passo de ver a área regularizada. Mas durou pouco. O governo Dilma não efetuou o pagamento do terreno antes do golpe parlamentar de 2016, que alavancou Michel Temer à presidência.

Tudo ficou estagnado até que, com a eleição de Bolsonaro em Brasília e de Ratinho Jr. no governo do Paraná no fim de 2018, a situação piorou de vez.  

O movimento enfrentou ameaças de despejo e resistiu durante uma vigília de 83 dias no final de 2019.

Em 2019, oito comunidades rurais foram despejadas no Paraná.

O Supremo Tribunal Federal suspendeu os despejos temporariamente, ajudando a garantir a permanência das famílias na região.

Em agosto de 2024 o Incra publicou uma portaria informando que a Fazenda São Domingos seria adquirida pela União para “fins de reforma agrária”. A área de 479 hectares está registrada no nome da empresa Refopas Agro Pastoril, da família Festugato.   

A Resistência Camponesa faz parte de um complexo que também inclui os acampamentos 1º de Agosto e Dorcelina Folador, em homenagem a uma ativista sem-terra que foi prefeita de Mundo Novo (MS) pelo PT antes de, aos 36 anos, ser assassinada com seis tiros pelas costas em 1999.  

Cascavel é uma cidade simbólica para o MST. Há 41 anos, em Janeiro de 1984, mais de 100 pessoas, de 12 estados brasileiros, juntaram-se no Seminário Diocesano de Cascavel para participar no 1.º Encontro Nacional Sem Terra – evento do qual surgiria o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.