
Ontem, 11 de abril de 2025, nossa família viveu um momento de profunda emoção e justiça histórica.
Após 60 anos de silêncio e dor, minha tia Leda Chiapetti, irmã da minha mãe e filha do meu avô Leopoldo Chiapetti, recebeu em mãos a nova certidão de óbito de seu pai — agora, com a verdadeira causa da morte registrada:
“morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964.”
Foi em Erechim (RS) que minha tia, com o coração cheio de emoção, buscou esse documento que representa muito mais do que uma correção burocrática. É o reconhecimento da verdade. É a história que não pode mais ser apagada.
Meu avô Leopoldo foi preso, torturado e morreu por consequência das violências sofridas no cárcere. Eu nasci poucos meses depois de sua morte, sem nunca ter podido conhecer sua voz, seus gestos, suas ideias. Ele era um líder comunitário, querido por tantos, e sua vida foi brutalmente interrompida pelo autoritarismo.
Durante décadas, minha avó silenciou por medo. Minha família carregou essa dor calada. Ontem, parte dessa dor se transformou em justiça.
Essa conquista é para nós, mas também para todas as famílias que foram vítimas do regime militar e que ainda lutam por memória, verdade e justiça.
Enquanto eu estiver aqui, levarei essa história comigo.
Pela memória do meu avô.
Pela coragem da minha tia.
Pela democracia.
DITADURA NUNCA MAIS!
Luciana Rafagnin