Nesta segunda-feira, 18, realizamos na Assembleia Legislativa uma audiência pública sobre as frequentes quedas no fornecimento de energia nos municípios paranaenses.

Hoje são 382 cidades do Paraná que sofrem com picos de energia, quase que diariamente, em especial depois da venda da empresa. O setor agrícola é um dos mais atingidos. São muitas reclamações de agricultores que têm perdido a produção de leite, a produção de ave, de peixes, de fumo.

Do campo à cidade todos os paranaenses estão sendo prejudicados.

Após ouvir entidades, especialistas e consumidores decidimos fazer uma denúncia à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e notificar órgãos de controle como Ministério Público Federal, (MPF), Ministério Público Estadual (MP-PR) para intermediar uma conversa com a Copel e buscar uma solução sobre esses apagões. O Tribunal de Contas também vai ser notificado para fazer um levantamento dos investimentos realizados para melhoria da qualidade do serviço

Também defendemos a necessidade de se estabelecer uma meta de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) próprio para a energia da zona rural, além de se criar um modelo padrão de denúncia para registrar as reclamações de prejuízos e entrar com ação de responsabilização criminal e ressarcimento.

Para vocês terem uma ideia, só no ano passado, a Copel recebeu mais de 28 mil pedidos de ressarcimento. Destes, apenas 7 mil foram atendidos e o restante da população ficou sem esse atendimento.

Presente na audiência, o coordenador do centro de Apoio Operacional das Promotorias (Caop), Olympio Sotto Maior Neto, falou da intervenção do Ministério Público, seja fazendo recomendações à COPEL para que esse tipo de corte no fornecimento da energia não ocorra, seja até com a possibilidade, se for o caso, de ações de indenização, buscando a reparação daqueles que sofreram prejuízo com o corte da energia elétrica.

O Presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (Senge), Leandro Grassmann considera que piorou a qualidade do fornecimento de energia. “Depois da privatização, em agosto do ano passado, teve 41% a mais de interrupção de energia elétrica e 55% mais de tempo de reparo. Passou de quatro para 6h36 o tempo médio de reparo. Dados também mostram que 56% das unidades consumidoras que de sofreram queda estão na área rural e o tempo de reparo nesta área tem sido absurdamente alto extremamente. Em 2023, tivemos mais 25 mil unidades consumidoras por mais de dois dias sem energia elétrica”.

“Quem deveria estar aqui para ajudar a achar uma solução não comparece. Além do valor cobrado, temos o prejuízo com a ausência da energia e da terceirização com mão de obra ruim”, citou o representante da Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fataep), Claudinei de Carli.

O especialista em Energia da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Carlos André Fiuza, também citou que a entidade tem recebido relatos referentes à baixa qualidade de energia.

O técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Luiz Eliezer Ferreira, citou ranking da ANEEL “divulgado no dia 15 de março, mostrando que em um universo de 29 empresas, a Copel caiu do 10ª lugar em 2021, para 25º lugar e 2023, mostrando forte deterioração do serviço”.

“Por que não conversamos com gaúchos e paulistas para saber o caos que está lá? O agricultor se sente impotente, sabendo que o Paraná é o maior produtor de energia elétrica no país e sofre com a falta de energia”, disse o professor do Instituto Federal, representando a Central Única dos Trabalhadores (CUT/PR), Jaci Poli.

“Momento de indignação pelo descaso e desrespeito. A ausência da Copel mostra que a prioridade é entregar lucro aos acionistas. Água e energia não são mercadoria e transformaram nossa energia em uma mercadoria fajuta”, disse o coordenador geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado do Paraná (Fetraf-PR), Elizandro Krajczyk.

A Copel não mandou representante para participar da audiência, num completo descaso e desrespeito aos paranaenses. Indiferente com nossa audiência, como se a responsabilidade sobre a falta da luz não fosse dela.

Quando houve o processo de privatização da Copel a justificativa era de que os serviços iriam melhorar. Não é o que o povo está vendo, pelo contrário : serviço ruim e tarifa alta.

É o desserviço da Copel ao povo paranaense!