Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra completa 20 anos. O assessor especial da Casa Civil, Rogério Sotilli, destacou nesta terça a importância dos 20 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), comemorados hoje, na organização da luta pela reforma agrária. Em sua opinião, o movimento possibilitou uma via importante de expressão para setores da sociedade “abandonados à sorte”, mas também uma canal de negociação e diálogo com os governos. “Nem sei o que seria da luta pela reforma agrária, se não houvesse o MST”, disse Sotilli, referindo-se à organização de setores da sociedade, que poderiam estar envolvidos em graves conflitos e violência.
De acordo com Sotilli, que acompanha o MST desde sua fundação, o movimento tem conseguido, de fato, respostas concretas para a miséria e exclusão de famílias que vivem à beira de estradas. O MST, segundo o petista, tem conseguido resgatar estas pessoas para a produtividade, a educação e a cidadania. “O MST conseguiu organizar e dar um mínimo de esperança para estes setores da sociedade”, declarou.
Autonomia e respeito
“A vitória de Lula é um dos motivos a serem comemorados pelo MST”. Sotilli pondera que o movimento tem muito a comemorar nestes 20 anos de mobilizações e no primeiro ano do governo Lula. Segundo ele, o governo estabeleceu um diálogo franco e claro com o movimento, que nunca houve em outros governos. “Num ano de contenção total, conseguimos fazer o milagre de assentar pelo menos 36 mil famílias, que é pouco diante da demanda social, mas muito diante da realidade”, avaliou.
Para o petista, o MST precisa manter sua autonomia como movimento social, enquanto o governo, embora reconheça-o como referência política importante e valorize sua luta como uma causa justa, faz a interlocução com o movimento “sem desrespeito à constituição e à democracia”.
O desafio do MST, em tempos de governo Lula, na opinião de Sotilli, é reconhecer que este é um momento completamente diferente da história. O movimento, segundo ele, precisa reconhecer o significado de Lula para a reforma agrária e os movimentos de esquerda. “O MST tem seguido nessa direção de ver o comprometimento do governo com a reforma agrária e ajudar-nos”, avalia.
Desgaste
O petista comentou também a visão negativa que a opinião pública tem do MST, em alguns momentos, embora reconheça a importância da luta pela reforma agrária. Para ele, há dois motivos para este desgaste da imagem do movimento. Um deles seria a disputa política, democrática, em que setores da sociedade, como os ruralistas, tentam desacreditar o movimento, via imprensa. “Tentam identificá-lo como um movimento belicoso, que não ajuda a sociedade”, disse. Outro motivo seriam os próprios “erros do movimento”. Sotilli analisa que algumas táticas do movimento acabam desgastando-o. Ele citou o caso da ocupação da casa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na fazenda Buritis, em Minas Gerais.