Nesta terça-feira o presidente Lula anunciou o paranaense para comandar a pasta. O novo ministro do Planejamento, o deputado federal Paulo Bernardo (PT-PR), foi empossado no final da tarde desta terça-feira. O novo ministro afirmou que ainda não teve tempo de se inteirar dos projetos, mas adiantou que são da área de transportes e se referem à malha rodoviária. O presidente pediu que o ministério acompanhe a execução dos projetos. “Esse é um ministério importantíssimo, que cuida do planejamento, da gestão de políticas públicas, da parte de pessoal. Não é um sacrifício”, disse.
Segundo Paulo Bernardo, o presidente recomendou que Nelson Marchado permaneça na Secretaria-Executiva do Ministério. Machado vinha exercendo interinamente o cargo de ministro desde a ida de Guido Mantega para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em novembro do ano passado.
Para ele, a execução orçamentária de 2005 será difícil, mas melhor que a de 2003 e a de 2004. Neste ano, aumentaram os gastos com custeio (como nas despesas com o Bolsa Família, a Previdência Social e o salário mínimo), mas são despesas que o governo resolveu fazer e, por isso, vai administrá-las. Também na área de pessoal, muitas das negociações feitas com os servidores vão ter impacto no Orçamento deste ano, acrescentou Paulo Bernardo.
Uma preocupação manifestada pelo presidente Lula é melhorar as relações com o Congresso Nacional, segundo Bernardo. O presidente reunirá os ministros na segunda-feira para “determinar que as coisas andem normalmente dentro do governo, definir ou explicitar as prioridades”, afirmou o novo ministro. Bernardo acrescentou que o presidente já está fazendo isso em reuniões particulares desta terça-feira até o fim de semana.
Bernardo ressaltou que acredita na melhoria da relação do governo com o Congresso no que se refere à discussão sobre as emendas parlamentares do Orçamento 2005.
“Acho que dá para melhorar bastante, principalmente, essa relação com o Congresso. O presidente tem muita preocupação em não deixar a discussão sobre as emendas ao Orçamento para os últimos dias do ano”, disse o parlamentar.
Para o novo ministro, o governo tem atendido indistintamente os parlamentares quando se trata de executar as emendas apresentadas. “Se pegarmos o demonstrativo das emendas dos parlamentares, vemos inclusive que são executadas por parlamentares governistas e parlamentares de oposição”, disse.
Bernardo afirmou que, na conversa que teve com o presidente Lula hoje pela manhã, foi feita uma explanação sobre a situação do Ministério do Planejamento. “O presidente fez uma exposição do que ele acha que tem de dificuldade com o planejamento, com o orçamento. Me falou de alguns projetos prioritários e mencionou principalmente a área de transportes. Ele já sinalizou que tem muita preocupação com a gestão e a execução dos projetos prioritários”, afirmou.
Biografia
Paulo Bernardo é casado e pai de quatro filhos. Nasceu em São Paulo em 10 de março de 1952. Começou sua vida profissional como funcionário no Banco do Brasil e trabalhou em São Paulo e no Paraná. Chegou a estudar geologia na Universidade Federal de Brasília entre 1973 e 1976, mas não completou o curso.
Foi diretor da Federação dos Bancários do Paraná entre 1987 e 1990. Foi eleito três vezes deputado federal. Licenciou-se do mandato de deputado (1995-1999) para assumir o cargo de secretário da Fazenda do Mato Grosso do Sul, de 1º de janeiro de 1999 a 13 de dezembro de 2000. Está em seu terceiro mandato na Câmara.
Militância
Paulo Bernardo começou sua militância política no movimento estudantil ainda durante a ditadura militar. Cursava o último ano de geologia na Universidade de Brasília (UnB) quando foi expulso, com base em decreto instituído pelo governo militar. Aprovado em concurso para o Banco do Brasil, foi morar em São Paulo e, em 1982, foi transferido para o Paraná. Filiou-se ao PT em 1985 e foi vice-líder do partido nas legislaturas de 1995 a 1998 e de 2003 a 2004. Em 1999, licenciou-se do mandato de deputado para assumir a Secretaria da Fazenda do Estado do Mato Grosso do Sul na primeira gestão de Zeca do PT, cargo no qual esteve até dezembro de 2000.
Em 1990, com o apoio da categoria bancária, foi eleito pela primeira vez deputado federal . Sua atuação em seu primeiro mandato foi marcada pela luta contra o governo Collor; pela participação nas lutas pelo Impeachment; pela defesa dos funcionários da Caixa Econômica Federal punidos por participarem de greves; pelo debate sobre os desmandos administrativos levados a cabo pela Direção do Banco do Brasil; por mais crédito rural para os pequenos produtores e; contra o prolongamento da jornada de trabalho dos bancários.
Paulo também participou da elaboração do Mapa da Fome no Brasil na Comissão de Orçamento do Congresso Nacional, onde desempenhou atividades por uma maior fiscalização orçamentária e das finanças públicas e pelo combate à corrupção.
Paulo Bernardo atuou no Congresso Nacional como membro titular ou suplente de várias comissões especiais e permanentes e foi vice-presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos e Fiscalização.
O novo ministro defende o fim das emendas de bancada, mas a manutenção das emendas dos parlamentares, que devem ser executadas pelo governo dentro de recursos previsíveis. O novo ministro ressaltou que sua ida para a pasta do Planejamento não deverá significar qualquer novo rumo para a política macroeconômica. Reeleito em 1994, continuou sua atuação em defesa da moralidade no trato da coisa pública. Foi presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, com atuação reconhecida nacionalmente.
Paulo Bernardo deixou o cargo para assumir a Secretaria de Fazenda em Londrina, que estava com contas atrasadas e um déficit de R$ 3 milhões mensais. Nos 15 meses como Secretário, zerou o déficit e deixou um superávit de R$ 5 milhões.
Em 2002, Paulo Bernardo deixou a função para concorrer a uma vaga na Câmara Federal. Foi eleito com 72.831 votos dos paranaenses.(LA)