Eu levanto aqui minha preocupação sobre os altos valores das tarifas no Lote 6 do novo pacote de concessões rodoviárias do Paraná, leiloado recentemente. O custo por quilômetro rodado na nossa região é um dos mais elevados do Estado, o que representa um impacto desproporcional para a população e para a economia do Sudoeste.

Esse lote, que foi concedido ao Grupo EPR, abrange 662 quilômetros de rodovias que conectam o Oeste ao litoral do Paraná, incluindo trechos das BR-277, BR-163 e várias rodovias estaduais. Apesar da grande extensão e do investimento de R$ 20 bilhões prometido, o leilão contou com mínima concorrência. Apenas uma proposta foi apresentada, oferecendo um desconto irrisório de 0,08% sobre a tarifa de referência, o que reduziu o custo total das nove praças de pedágio de R$ 127,40 para R$ 127,30 – apenas 10 centavos a menos. Antes do novo contrato, o valor era de R$ 93,20. Além disso, o pacote prevê a instalação de três novas praças de pedágio na região.

O custo médio por quilômetro rodado no Lote 6 é significativamente mais alto do que nos outros lotes já licitados. Enquanto os Lotes 1, 2 e 3 possuem tarifas médias de R$ 10 a R$ 11 por 100 quilômetros após os leilões, o Lote 6 permanece em R$ 17 por 100 quilômetros. Essa diferença de quase 70% impacta diretamente a competitividade das indústrias da região, especialmente aquelas que dependem do escoamento via Porto de Paranaguá. Isso aumenta os custos logísticos para exportadores e empresários locais.

Essa disparidade de valores por região prejudica especialmente o Sudoeste, que já enfrenta desafios logísticos por estar distante dos principais centros econômicos do Estado. Agora, com tarifas tão altas, a situação fica ainda mais complicada. Além disso, a inclusão de novas praças de pedágio representa um custo adicional para os moradores e empresas locais, que já estão sobrecarregados pelo aumento nas tarifas. Enquanto outras regiões obtiveram descontos mais significativos nas concessões, parece que o Sudoeste foi penalizado com uma das tarifas mais caras do Paraná.

O valor elevado dessas tarifas pode desestimular o desenvolvimento da nossa região e levanta questionamentos sobre a eficácia do modelo de concessão adotado. Precisamos de investimentos em infraestrutura, mas não podemos aceitar que isso seja feito às custas de um custo tão alto para nossa população e economia.

A concessão, válida por 30 anos, prevê a manutenção das vias e a construção de novas estruturas, como passarelas, viadutos e melhorias nos acessos. No entanto, as praças de pedágio, que serão instaladas em municípios como Cascavel, Pato Branco e Foz do Iguaçu, são um ônus adicional para os moradores dessas áreas.

Enquanto as obras não começam, as tarifas já estabelecidas e a falta de competitividade no leilão continuam sendo alvo de polêmica. Para mim, o debate sobre o pedágio no Lote 6 vai muito além dos números: é uma questão de buscar equilíbrio e justiça para todas as regiões do Paraná.