Segundo Dieese, quase 81% dos acordos salariais fechados em 2004 tiveram reajustes iguais ou maiores que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor. Os trabalhadores tiveram em 2004 o melhor ano para as negociações salariais desde 1996. Levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio Econômicas (Dieese) mostra que 54,7% das categorias conseguiram aumento real de salário no ano passado, com reajuste salarial acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o índice de inflação usado nas negociações. Outros 26,1% conseguiram repor integralmente a inflação.

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB – soma dos bens e serviços produzidos pelo país no período de um ano) combinado à redução do desemprego e ao controle da inflação facilitou a reposição.

Em 2003, só 41,6% conseguiram reajustes iguais ou superiores ao INPC. O levantamento do Dieese é feito com base comparativa dos reajustes com a inflação pelo INPC – indicador que é o mais utilizado nas negociações salariais, e serve de referência para reajustar o salário mínimo e as aposentadorias.

Segundo o supervisor do escritório regional do Dieese em São Paulo, José Silvestre de Oliveira, o balanço das negociações coletivas de 2004 reflete o favorável ambiente macroeconômico. “O ambiente mais favorável permitiu que as entidades [sindicais] conseguissem fechar acordos [salariais] mais positivos.”

Os resultados da pesquisa refletem todas as regiões do país. Na avaliação do Dieese, os trabalhadores com data-base no segundo semestre tiveram negociações mais favoráveis, resultado de um maior aquecimento da economia.

Outra mudança em relação a anos anteriores foi na forma de pagamento dos reajustes. Em 2004, 92% dos acordos garantiram pagamento à vista, no mês do dissídio. Apenas 7% dividiram o aumento em parcelas. Na maioria dos casos, foram no máximo duas.

Também diminuiu a quantidade de acordos que excluem do aumento os salários mais altos. Só 16% das negociações fixaram tetos para o reajuste Os abonos salariais – não incorporados ao salário – ocorreram em 11% das negociações.

“O parcelamento não é uma tendência nas negociações. Ele só ocorre quando há uma adversidade. No ano anterior, 2003, 29% dos reajustes foram pagos em parcelas”, explica Oliveira.

O levantamento analisou 658 negociações em todo o país. Por setor, o de serviços foi o que apresentou o maior número de categorias com perdas salariais, embora a maioria (71%) tenha conseguido repor a inflação ou ter ganho real de salário.

As negociações foram melhores na indústria e no comércio, onde 87% e 82% dos acordos, respectivamente, conseguiram repor a inflação ou ganho real.

Dos acordos pesquisados, 53% são da indústria, 37% do setor de serviços e 10% do comércio.

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