Deputada Luciana lembrou em pronunciamento os três anos do assassinato de Rachel Genofre, de nove anos, cujo corpo foi encontrado dentro de uma mala na rodoferroviária de Curitiba.
Curitiba, PR (07/11/2011) – Uma campanha desenvolvida pela União Brasileira de Mulheres (UBM) desde 2009, que pede o fim da violência contra mulheres e meninas, ocupou espaço na sessão desta segunda-feira (7) da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para denunciar uma situação cada vez mais insustentável. De acordo com o mapa da violência no Brasil, levantamento feito pelo Instituto Sangari, com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS), 41.968 mulheres foram assassinadas em 10 anos, o que significa 11 brasileiras mortas por dia. No Paraná, o crescimento da violência contra a mulher, segundo o mesmo estudo, exibe um retrato ainda mais cruel dessa realidade: no período, o número de homicídios femininos registrados saltou de 179 em 1998 para 307 em 2008, o que representa uma variação de 50% a mais na prática desses crimes. O estado pulou da 13ª posição no ranking nacional de violência contra a mulher para a 5ª. Segundo o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), motivos fúteis são a causa de aproximadamente a metade dos assassinatos, em geral praticados por maridos, ex-maridos, namorados ou companheiros inconformados com a separação ou a perda de poder em uma relação que acreditavam controlar.
As agressões também revelam uma realidade terrível: de acordo com pesquisa nacional da Fundação Perseu Abramo, realizada com 2.502 mulheres em 2004, a cada 15 segundos uma mulher é espancada no país e ao menos um terço disseram já terem sofrido algum tipo de violência física.
Rachel Genofre, três anos de investigações
A deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), durante seu pronunciamento, chamou a atenção para o caso do assassinato da menina Rachel Genofre, de nove anos, cujo corpo foi encontrado dentro de uma mala na rodoferroviária de Curitiba no dia 5 de novembro de 2008. A estudante foi vítima de violência sexual e estrangulamento. Três anos se passaram e o assassino da menina ainda não foi identificado. Em conseqüência das investigações sobre o caso, 17 pedófilos foram presos, foi estabelecido um banco de dados de pedófilos no Sicride – Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas –, e um sistema de câmeras de filmagem foi implantado na rodoferroviária de Curitiba. Também foram realizados 50 exames de DNA na tentativa de identificar o assassino da pequena Rachel e diligências foram providenciadas em estados como Sergipe, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, além do interior do Paraná.
A mãe de Rachel, Maria Cristina Lobo de Oliveira, acompanhou emocionada o pronunciamento na sessão da Alep. Passados esses três anos de investigação, a UBM reconhece o trabalho exaustivo feito pela polícia, mas reclama também de certo despreparo e de negligência na fase inicial do processo de investigação, o que a entidade caracterizou como crime institucional. A UBM lembra que provas do crime foram perdidas e descartadas, como o saco azul em que o corpo da menina foi envolto e que também não foi encontrada a faca que o fiscal usou para abrir a mala. O documento encaminhado pela UBM e lido pela deputada Luciana chama a atenção para a necessidade de se construir uma sociedade diferente, que assegure às crianças os direitos básicos a uma infância feliz, saudável e livre. “O silêncio e a impunidade são cúmplices da violência”, conclui a carta da UBM. A luta contra a violência, de acordo com a UBM, é também uma voz de indignação e de protesto contra o trabalho infantil, a presença de crianças comendo lixo, catando papel, servindo de mercadoria, expostas ao abuso sexual e demais formas de agressão e de violação dos direitos das crianças.
Redação nota 10
Com 9 anos, a pequena Rachel venceu um concurso de redação da Biblioteca Pública do Paraná. Confira a redação premiada da estudante, dedicada e dona de uma consciência social admirável:
Minha Família tem cada História
*Rachel Genofre
Vou te contar a minha história, a história da minha família. Minha família começou em Paranaguá com os tupis-guarani, eu acho! Meus antepassados tinham culturas diferentes da nossa cultura de hoje.
Muitos morreram ou foram se espalhando pelo mundo, indo de geração em geração até chegar em mim.
Hoje existem muitos de minha família no país inteiro ou só no Paraná, não sei. Só sei que quero meus próximos parentes tenham o mesmo orgulho de ser INDÍO!
Fazemos o melhor para o mundo
Unidos
Trabalhamos
Unidos
Reformando
O mundo
Viva a família!
Sou Rachel Maria, essa é a minha história, qual é a sua?
Jornalista: Thea Tavares (MTb 3207-PR).