O número de atendimentos do Siate envolvendo acidentes com motociclistas aumentou 10% em 2009

Do jornal Hora Popular – 17/07/2009
 
Reportagem de Niomar Pereira e Thea TavaresO número de atendimentos do Siate (Serviço de Atendimento ao Trauma de Emergência) envolvendo acidentes com motociclistas aumentou 10% em 2009 em comparação com o mesmo período do ano passado. A cidade de Francisco Beltrão segue a tendência nacional e apresenta índices crescentes de pessoas que perdem a vida ou ficam incapacitados em acidentes de moto. A motocicleta é um veículo que se popularizou e inchou o trânsito das médias e grandes cidades. Este é considerado o principal vilão das ocorrências nas estradas do país. O socorrista do Siate, sargento Gilberto Biazus, explica que não passa um único dia sem que a corporação atenda um acidente envolvendo motociclistas. A maioria homens, jovens e se deslocando a trabalho. No primeiro semestre deste ano já foram registrados 140 acidentes no perímetro urbano de Francisco Beltrão, considerando o choque de moto com automóvel, caminhão, ônibus ou até mesmo outra moto. Em torno de 54% dos acidentes acontecem entre quarta e sexta-feira e com motos de baixa cilindrada. No ano, já são 160 feridos, com o registro de três óbitos. O sargento do Corpo de Bombeiros, Alberi Pereira dos Santos, diz que os acidentes na imensa maioria deixam as pessoas com ferimentos graves em função do impacto com o solo. Além disso, a principal causa de morte é o traumatismo craniano. “Os motociclistas em geral andam com a fivela do capacete frouxa e numa batida a primeira coisa que acontece é o capacete saltar da cabeça antes mesmo do condutor impactar contra o solo”. Traumas cada vez mais severos nos acidentes com moto O médico ortopedista, André M. de Araújo, diz que os traumas decorrentes de acidentes com motocicleta estão cada vez mais graves. E o número crescente também assusta. Segundo ele, em um plantão de um dia normal na Policlínica São Vicente de Paula são atendidos entre quatro e cinco acidentados com traumas leves, moderados e graves. De 30% a 40% das intervenções cirúrgicas ortopédicas realizadas no hospital são feitas em motociclistas. O ortopedista ainda informa que nos acidentes com moto são comuns dois tipos de traumas: os que incluem membros superiores (clavícula e antebraço) e membros inferiores (pernas e pés). Nos casos mais graves, é freqüente ocorrer fratura do fêmur. “A gravidade do trauma está diretamente ligada ao impacto da colisão. A altura do para-choque de um carro fica exatamente na altura dos pés e pernas do motociclista. Já, se ele cair no chão, certamente machucará punho, antebraço e fêmur”. Ele alerta que os capacetes mal ajustados são facilmente arremessados da cabeça e os capacetes abertos protegem o crânio, mas deixam exposto o rosto do condutor, facilitando fraturas na face. Para fraturas dos ossos da perna são necessários de quatro a seis meses para recuperação; fêmur, de seis meses a um ano e membros superiores de seis a oito semanas. O médico diz que quanto maior a velocidade e o peso do condutor, maior será a energia do trauma, ou seja, aumentam as chances de lesões sérias. “É impressionante a severidade dos traumas dos pacientes acidentados com moto que atendemos. Hoje, temos um número significativo de pacientes que chegam aqui em estado grave e entram em óbito, porém a grande maioria consegue se recuperar graças a cirurgias, implantes e sessões de fisioterapia. É bom alertar, no entanto, que traumas na medula, lesões com perda óssea e lesões articulares deixam sequelas nas vítimas”. Depois do acidente, seis meses em recuperação O motoboy Jacob Poletto Júnior, 33 anos, colidiu sua motocicleta contra uma camioneta no dia 17 de fevereiro deste ano. Ele trafegava na Avenida Luiz Antônio Faedo, em direção ao bairro São Cristóvão, e ao efetuar uma ultrapassagem bateu na traseira de uma camioneta que sinalizou para entrar à sua esquerda. Jacob não teve tempo de frear e muito menos de desviar. Na batida, ele levou a pior: deslocou a bacia e sofreu fratura exposta do braço esquerdo. O motoboy já realizou 60 sessões de fisioterapia e ainda frequenta a clínica diariamente em dois períodos com o objetivo de recuperar os músculos atrofiados da mão. Além de conviver com platina no braço e seis pinos durante cinquenta dias, o pior sofrimento, recorda, foi permanecer um longo período de tempo imobilizado. Impossibilitado de trabalhar até o próximo dia 5 de agosto, quando realiza nova perícia médica, Jacob está assegurado pela previdência com um salário mínimo por mês. Ele lembra que a empresa onde trabalhava exige dos motociclistas o recolhimento do INSS, como forma de garantir auxílio em caso de acidentes de trabalho. “Não sei como estaria sobrevivendo se não estivesse amparado pelo INSS”, frisa. Na opinião dele, o grande fator gerador de acidentes é a pressa com que as pessoas trafegam pelas vias públicas. “Tanto os carros como as motos saem com tanta pressa que acabam esquecendo que o trânsito é feito por pessoas”, conclui. Sem segurança no trânsito, sem segurança no bolso O presidente da Associação dos Mototaxistas de Francisco Beltrão, Jandir Garbin, conhecido como “Gringo”, lembra que a maior preocupação da categoria é o custo elevado para contribuir como autônomo ao INSS. A contribuição de 20% sobre o salário mínimo representa R$ 93,00 mensais. O valor é considerado alto para os mototaxistas que já são onerados pelo alvará de licença, IPVA, seguro obrigatório e seguro adicional exigido pela prefeitura que cobre até R$ 10 mil em caso de morte ou invalidez do condutor ou passageiro da moto. “A maioria dos companheiros não tem nenhum tipo de contribuição e num eventual acidente estará desprovido de qualquer remuneração, durante o tempo em que estiver em recuperação”. (NP) O PERIGO ANDA DE MOTO Em 2008, o DPVAT pagou diariamente 154 indenizações por invalidez a motociclistas vítimas de acidentes No Brasil, 154 pessoas ficam inválidas por dia em decorrência de acidentes com motos. A informação é do Seguro DPVAT e revela que, em 2008, foram pagos diariamente esse volume de indenizações por invalidez a motociclistas ou vítimas de acidentes com motos em todo o país. São 154 brasileiros, todos os dias, incapacitados total ou parcialmente para o trabalho, dependentes de cuidados ou mesmo impedidos de levar a mesma vida que tinham até se acidentarem. O Detran-PR reforça o alarme e estima que 90% dos acidentes com motocicletas que acontecem no estado gerem vítimas, entre feridos e mortos. Em Francisco Beltrão, são 61% dos casos: 140 das 228 ocorrências com vítimas registradas de janeiro a junho deste ano. De acordo com a coordenadora de Educação Para o Trânsito do Detran-PR, Maria Helena Gusso Mattos, as motocicletas são apontadas como os veículos mais perigosos do trânsito se considerar a falta de proteção aos seus condutores e a vulnerabilidade destes. “Os carros possuem toda uma estrutura que contribui para a desaceleração do corpo e para diminuir o impacto da batida. Nas motos, toda a energia do impacto recai diretamente sobre a pessoa”, informa. Ela também destaca que é muito importante o uso do capacete pelos motociclistas, uma vez que ele protege a cabeça, área muito sensível, na qual toda e qualquer lesão é grave e tem mais chance de provocar seqüelas. Maria Helena chama a atenção para a responsabilidade dos motoristas: “A moto não bate sozinha. É a pessoa, o condutor, quem determina o que o veículo vai fazer. A moto não dirige em alta velocidade e não age de forma imprudente”, disse. Outro fator que contribui para aumentar a gravidade dos acidentes com motos é o próprio perfil dos condutores. A maior parte dos envolvidos nos acidentes dessa natureza é formada por jovens do sexo masculino – 76% de homens – que trabalham com serviços de entregas rápidas e sofrem pressão para cumprir as tarefas no menor tempo possível. “A moto, que antes era mais usada para o lazer e era um símbolo de liberdade, se tornou para esses jovens, que na maioria das vezes nem concluíram o ensino médio, o meio mais rápido de se obter renda e de garantir o sustento, por ser um veículo leve, veloz e barato”, argumenta a coordenadora.O individualismo acelerado O aumento do número de veículos em circulação, o estresse do trânsito e a pressa por si só não seriam suficientes para explicar os números do perigo sobre duas rodas. Mas quando esses fatores vêm acompanhados do despreparo e do individualismo, o cenário da tragédia torna-se mais real e previsível. O comportamento do motorista estará no foco da campanha de prevenção de acidentes que ocorre na semana nacional do trânsito, no mês de setembro, cujo tema central será a Educação no Trânsito. “Precisamos resgatar o respeito”, afirma Maria Helena. “Não se pode esquecer que no trânsito há outros seres humanos, também com necessidades e com pressa”, diz. A coordenadora do Detran-PR questiona o comportamento dos motoristas que agem de modo a sobrepor suas necessidades às do coletivo. “A regra é: eu posso chegar antes; Você, não”, critica. Indenizações por acidentes com motos representam 56,4% O total das indenizações pagas pelo DPVAT em todo o Brasil no ano passado foi superior a 272 mil processos, entre sinistros de morte (21%), de invalidez permanente (33%) e os ressarcimento de despesas com assistência médica (46%). As indenizações por acidentes com motos representaram 56,4% desse total, mais especificamente 153.662 processos. O valor da indenização por morte é de R$ 13.500,00; por invalidez permanente, de até R$ 13.500,00, dependendo da gravidade das sequelas, e o reembolso de despesas médico-hospitalares pode chegar a R$ 2.700,00, mediante comprovação adequada. Nos três estados da região Sul, foram pagas em 2008 pelo DPVAT 106.978 indenizações no valor de R$ 365,5 milhões, que representaram 39,3% do total nacional. O Seguro DPVAT paga indenizações a qualquer vítima de acidentes causados por veículos automotores ou por suas cargas, através de uma rede de atendimento distribuída em todo o território nacional. Duas seguradoras de Pato Branco devem integrar consórcio do DPVAT O coordenador do DPVAT do Sindicato dos Corretores (Sincor), Luiz Carlos Moscardini, orienta que as vítimas de acidentes de trânsito envolvendo veículos automotores ou seus beneficiários legais podem buscar informações sobre o pagamento das indenizações pelo 0800-415100 do Sincor ou pelo 0800-0221204 que é o telefone da Central do DPVAT, também acessada na internet pelo endereço: http://www.dpvatseguro.com.br. Duas corretoras de Pato Branco devem integrar o consórcio do DPVAT nos próximos dias. Esses processos encontram-se em fase final de credenciamento e, tão logo esteja concluída, as empresas ficarão autorizadas a encaminhar os pedidos de pagamento do seguro do DPVAT na região Sudoeste. São elas a Flessak Administradora e Corretora de Seguros Ltda e a AM Silva Corretora de Seguros Ltda. Ambas serão integradas à Centauro Seguros, que é representante no Paraná da Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Moscardini disse que o Sincor já tem conversado com seguradoras de Francisco Beltrão a fim de ampliar essa rede de atendimento na região e avisou que os serviços devem ser prestados gratuitamente. “As orientações e os encaminhamentos de processos pelas corretoras credenciadas são serviços gratuitos. Se houver denúncia de cobrança irregular de taxas, a empresa perde a autorização do DPVAT”, informou. (TT)
Fonte: http://www.horapopular.com.br/noticias.php?id=837

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