Dorothy Stang foi assassinada a tiros no dia 12 de fevereiro em Anapu. O acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, apresentou-se ontem à Polícia Federal em Altamira, no Pará, depois de 40 dias foragido. Ele foi levado de avião para Belém. A senadora Ana Júlia (PT-PA) participou das negociações para que Vitalmiro se entregasse.
Vitalmiro prestou depoimento ao delegado que preside o inquérito, Ualame Machado, hoje falará ao juiz de Pacajás, Lucas do Carmo de Jesus. “Não cabe a nós julgar ninguém, mas contribuir de toda forma possível para que esse crime se esclareça”, disse a senadora Ana Júlia Carepa, da Comissão Externa do Senado criada para acompanhar as investigações sobre o assassinato da missionária Dorothy Stang. A afirmação foi feita por telefone, logo após a chegada de Vitalmiro à Superintendência da Polícia Federal na capital paraense.
Impunidade
Para a senadora, cabe aos integrantes da Comissão “criar um novo marco na história do Estado do Pará, para pôr um fim à violência e também à impunidade que tem incentivado essa violência”. A Comissão, segundo a senadora, pretende ouvir o fazendeiro nesta semana e ainda colocar no relatório a ser entregue ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tudo o que for revelado por Vitalmiro Bastos de Moura.
A senadora contou que há três semanas, junto com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e com o conhecimento do senador Demóstenes Torres (PFL-GO), relator da Comissão, vem conversando com o advogado do fazendeiro “sobre a importância de ele se entregar”. E que por intermédio dela foi negociada a apresentação de Bida à Polícia Federal. “Na negociação foi pedida pelo fazendeiro uma acareação e o advogado quer que ele fique preso na Superintendência da PF em Belém”, explicou Ana Júlia Carepa. Ela acrescentou que toda a negociação foi mediada por um juiz e um procurador. “Ontem à noite nós tivemos a confirmação de que ele havia aceitado se entregar”, revelou ontem a senadora, logo após a rendição dom fazendeiro.
Mais gente
Ana Júlia lembrou que o fazendeiro tem afirmado ser inocente: “Então eu espero que ele indique os responsáveis e diga tudo o que sabe sobre quem são as pessoas que têm culpa, porque não dá para acreditar que só aqueles dois mataram a missionária, porque quiseram matar.” Na opinião da senadora, “se é verdade que ele é inocente, ele tem que dizer quem é que tinha interesse na morte da irmã Dorothy, porque a gente acha que tem mais gente envolvida nessa história”.
O relatório da Comissão Externa do Senado será encaminhado também para o Ministério Público Federal, para autoridades do governo federal e do governo estadual do Pará, para o Superior Tribunal de Justiça e para a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Terra. Os integrantes dessa comissão estarão nessa semana no Pará, para aprofundar as investigações, acrescentou a senadora.
Dorothy Stang foi assassinada a tiros no dia 12 de fevereiro em Anapu. A polícia e o Ministério Público Estadual do Pará apontaram como mandantes do crime Vitalmiro e Amair Feijoli da Cunha, o Tato. As informações são da Agência Brasil.(LA)