Mais de 600 famílias, em seis municípios da região Sudoeste do Paraná, já receberam cestas, montadas a partir da arrecadação ou aquisição de mais de 18 toneladas de alimentos por diversos movimentos e entidades do campo e da cidade.

Foto: Alimentos adquiridos com doações e que foram organizados em forma de cestas básicas para serem distribuídas às famílias. Foto: Ricardo Calegari.

Francisco Beltrão, PR (26/05/2020) – A garantia da manutenção do fornecimento da alimentação escolar na rede pública estadual, que foi motivo de um pedido feito pela deputada Luciana Rafagnin (PT-PR) ao governo do estado, é uma medida importante para garantir alimentação adequada aos estudantes das famílias mais necessitadas, mas ela dá conta de atender as crianças e adolescentes cujas famílias são beneficiárias das ações sociais do estado, inseridas no CadÚnico. Além da luta para ampliar tanto as categorias profissionais contempladas com os auxílios emergenciais dos governos, aumentar a compra e fornecimento de comida para quem mais precisa do socorro e atendimento públicos, as ações solidárias feitas espontaneamente pela comunidade também se somam nesse esforço da sociedade e objetivam diminuir a fome e o sofrimento da população, agravados agora pela pandemia do novo coronavírus.

Mais de 600 famílias, em seis municípios da região Sudoeste do Paraná, já receberam cestas, montadas a partir da arrecadação ou aquisição de mais de 18 toneladas de alimentos por uma campanha movida há pouco mais de 40 dias por diversos movimentos e entidades do campo e da cidade. As famílias beneficiadas moram nos municípios de Francisco Beltrão, Dois Vizinhos, Chopinzinho, Palmas, Mangueirinha e Coronel Vivida. “Uma ação bonita e que se soma à dedicação de muitas pessoas conscientes da urgência, hoje, de ajudar quem mais precisa. Com todo o cuidado, claro, e com a segurança de seguir à risca as restrições necessárias para evitar a propagação dessa doença”, disse a deputada Luciana, apoiadora dessa iniciativa solidária.

A campanha do comitê Resistência e Solidariedade mostra que se as crises de saúde, humanitária, econômica e social, trazidas pela pandemia, estão cada vez mais perto de todos, fragilizando e colocando em risco a sobrevivência e as defesas das pessoas diante da COVID-19, a solidariedade também está ao alcance de quem pode estender a mão e se importar com o sofrimento do outro. A professora Edna Mocellin, cita o exemplo das famílias pobres do bairro Padre Ulrico, em Francisco Beltrão, onde vivem cerca de 10 mil pessoas. Ela lembra que 220 kits da merenda escolar chegam a uma parte da comunidade, que são as famílias cadastradas no programa Bolsa Família, mas não ao conjunto daquelas em situação de vulnerabilidade social ou que perderam sua fonte de renda com a chegada da pandemia. “É o caso de quem vivia da atividade informal e viu esse trabalho de repente ficar ainda mais precarizado. Ou de quem tinha emprego com carteira assinada e ficou desempregado num momento tão difícil como esse”, disse.  “Essa união da agricultura familiar, camponesa, das associações, dos sindicatos, desse povo solidário, faz toda a diferença. É muito gratificante saber que, nessa hora, a gente pode fazer a diferença na vida das pessoas, pode se mobilizar e pode ajudar”, destacou a professora.

Por meio da iniciativa do comitê, outras 35 famílias do Padre Ulrico receberam cestas básicas nas últimas semanas, com alimentos adquiridos junto às cooperativas da agricultura familiar e aos pequenos estabelecimentos comerciais da cidade. “Precisamos ampliar o atendimento, as doações e o apoio da comunidade para chegar em muitas mais famílias que também precisam desse gesto humanitário”, completou Edna. O Comitê Resistência e Solidariedade orienta as doações, entre outras coisas, através de um e-mail: comitesolidariedadesudoeste@gmail.com. Todas as pessoas interessadas em contribuir com essa iniciativa solidária dos movimentos e entidades do Sudoeste do Paraná, na medida das suas possibilidades, pode entrar em contato com o comitê por esse e-mail.

A importância das ações solidárias da sociedade civil pode ser percebida no agradecimento de Maria Arlete Ferreira da Silva, matriarca do quilombo de Palmas, em áudio enviado às entidades do Comitê, em nome das 230 famílias da região que receberam cestas básicas e kits com produto de higiene e de  cuidados individuais: “Todo mundo ficou muito feliz e agradeceu bastante, de coração mesmo, a essas entidades que ajudaram. Quilombolas e não quilombolas, famílias pobres, moradoras da região, também receberam as cestas e agradecem”, disse.

Autor: Thea Tavares

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