O Portal BEM PARANÁ perguntou: Escolas cívico-militares: disciplina que ensina ou coerção que limita? Em artigo, a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT-PR) respondeu:
Por Luciana Rafagnin*
Conquistar uma educação de qualidade, emancipadora e que fortaleça a democracia e o desenvolvimento humano e social no nosso estado não é tarefa fácil e nem cabe no calendário eleitoral, embora a cada eleição o que se vê é um consenso nas promessas de valorização da educação. Não lembro de um único candidato que tenha sido eleito, prometendo massacrar os professores e funcionários da educação, não reajustar salários e fechar escolas, entre outras situações que se constituem, depois, na rotina da gestão de governos contrários aos interesses do povo e à garantia de direitos.
Nos últimos tempos, ganharam força, inclusive, os argumentos em favor de levar para o ambiente escolar a disciplina rígida e o militarismo, como forma de melhorar os indicadores e avaliações de desempenho, em vez de alocar recursos e de se empenhar na construção de fato de uma escola livre e cidadã.
O modelo das escolas cívico-militares, em que o Paraná se destacou na obediência cega aos ditames do governo Bolsonaro, opta pela coerção e policiamento de comportamentos para diminuir a violência nas escolas – reflexo das mazelas da sociedade – e inflar os indicadores da educação. Nem isto consegue garantir. Quando prioriza disciplinas que mais pesam nas avaliações e descarta das métricas o ensino noturno e a educação de Jovens e Adultos (EJA), com pessoas que enfrentam realidades mais adversas para seguir estudando, a intenção do governo é torcer os números a seu favor.
A quem interessa esse atalho? Os colégios, localizados nas regiões periféricas dos municípios, estão justamente nas áreas menos assistidas pelo estado. Com o programa, o governo se exime da responsabilidade de lidar com a grave situação fora da escola e transfere essa carga e complexidade para a sala de aula. Infelizmente, ressoam na comunidade e em muitas famílias esses argumentos rasos até porque vai além do tempo de um governo julgar e perceber que a criminalidade e a falta de oportunidades de gerar trabalho e renda lá fora não se resolvem simplesmente com a militarização das escolas.
A disciplina é parte do processo de educação, sim, mas a disciplina de ter horário para estudar, de exercitar a concentração, de organizar as aulas e de preparar os conteúdos, não o rigor de ditar padrões de comportamento que atropelam a individualidade e diversidade humanas.
O que faz uma educação melhor e torna o processo de ensino e aprendizagem mais eficientes são ambientes educativos com condições adequadas de estudo e de trabalho, além de acesso e de permanência dos estudantes nas escolas, valorização profissional, capacitação e formação pertinentes e adequadas dos profissionais, entre outras questões. A eleição democrática de diretores das escolas também. Mas o governo prefere não dialogar e, quando convém, usar a força policial para desmobilizar os descontentamentos. Denúncias de assédios e de violação de direitos, que precisam de severa responsabilização, sim, preocupam e imputem à propaganda do governo o julgamento da história e a condenação nossa sociedade.
(*) Luciana Rafagnin é deputada estadual pelo PT-PR.
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Fonte: Assessoria de Imprensa
Autor: Thea Tavares