Nesta terça-feira (14), o curso de gestão cooperativa, promovido pela parceria entre a Cresol, Unicafes, Infocos e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), abrirá espaço para o debate das políticas públicas de Assistência Técnica e Extensão Rural
Curitiba, PR (13/11/2006) – Nesta terça-feira (14), o curso de gestão cooperativa, promovido pela parceria entre a Cresol, Unicafes, Infocos e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), abrirá espaço para o debate das políticas públicas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). Ao todo, cerca de 900 agricultores familiares e funcionários das cooperativas de economia solidária ligadas à Unicafes no Paraná e em Santa Catarina participam do curso, cujas aulas acontecem todas as terças-feiras pela manhã, distribuídas em 38 tele-salas que reúnem estudantes de mais de 50 municípios. O curso é voltado à formação de técnicos em gestão cooperativa para atuarem nas cooperativas de economia solidária, seja nos seguimentos do crédito, da produção, comercialização ou mesmo nas cooperativas de profissionais.
ATER – O coordenador da Cooperiguaçu, Olivo Dambrós, do município de Coronel Vivida, abordará nessa tele-aula a temática da Assistência Técnica e Extensão Rural, dentro do caderno que trata de Agricultura Familiar e Desenvolvimento. Ele conta que o serviço teve início no Brasil ainda na década de 60, com o trabalho desenvolvido pela Associação Brasileira de Crédito e Assistência Técnica (ABCAR). Já nos idos de 70, durante a ditadura militar, com o advento da revolução verde, o governo Geisel criou a Embrater, pela qual passou a implementar as políticas desse modelo agrícola: intensificação do uso de maquinário, insumos e agroquímicos, a fim de alavancar a produtividade, sem se preocupar com o impacto negativo dessas tecnologias ao ambiente; crédito e apoio exclusivos a setores como as grandes cooperativas agrícolas e agroindústrias e a necessidade de um serviço de pesquisa e de assistência técnica que orientasse para a incorporação desse modelo pelos agricultores.
Em 1990, o governo Collor extinguiu a Embrater e transferiu a responsabilidade com a Assistência Técnica e Extensão Rural para os estados. Sem recursos, essa proposta não durou nem cinco anos para evidenciar seus problemas. Em 1995, organizações de agricultores e de técnicos manifestaram a necessidade de se repensar o sistema nacional de ATER e essa preocupação culminou, em 1997, num grande workshop em Brasília promovido pela Contag e por associações de profissionais de ATER. No primeiro ano do governo Lula (2003), esse tema veio à tona e foi discutido internamente no governo federal a partir da Secretaria Nacional da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA). No dia 4 de abril de 2004, o governo federal lançou a política nacional de ATER, definindo como princípios a exclusividade do atendimento dessa política pública para a agricultura familiar, o caráter participativo e descentralizado de atendimento, que fortalece uma visão de desenvolvimento local e não só de prestação de um serviço para apoio das atividades de fomento.
Entre os desafios atuais para ATER, Dambrós aponta a necessidade de consolidar uma rede de organizações para atender as demandas da agricultura familiar nas regiões, a superação de valores e comportamentos do modelo da Revolução Verde, ainda muito arraigados na cultura de desenvolvimento rural no Brasil, e o avanço do cooperativismo profissional, que agregue agentes capacitados para atender os agricultores familiares e as suas organizações, dentro de um plano de desenvolvimento territorial.
O curso de gestão cooperativa é composto de quatro módulos, com uma carga total de 800 horas/aula, que devem ser ministradas ao longo de três anos. Até o final deste ano, será encerrado o primeiro módulo de 200 horas, que discute história e concepção de cooperativismo, gestão cooperativa, políticas públicas para a agricultura familiar com ênfase em ATER e conceitos de sociedade, conhecimento e educação. Além das duas horas de tele-aulas, os estudantes também debatem em sala os temas-geradores e respondem, em casa, as questões propostas na metodologia de ensino adotada pelo curso.
Jornalista: Thea Tavares (MTb 3207-PR) – (41) 9658-7588.
Contatos:
– Adão Carlos dos Santos (Presidente do INFOCOS) – (41) 3524-1981; – Olivo Dambrós (Coordenador da Cooperiguaçu) – (46) 9912-2680.