Sucessão virou um drama: a agricultura paranaense perdeu 20% de sua população jovem na última década.
Educação do Campo
Curitiba, PR (1º/06/2011) – A educação, dependendo da metodologia utilizada, também pode se transformar em mecanismo de exclusão social. Desde os ensinamentos do educador e filósofo Paulo Freire, na década de 60, percebe-se que quanto mais distante da realidade do estudante, maiores são as chances de evasão. Quando essa constatação se remete à realidade da agricultura familiar e das comunidades camponesas, a fuga não é apenas dos bancos escolares, mas também da atividade produtiva, o chamado êxodo rural. Essa constatação é uma das razões que levam os deputados estaduais Luciana Rafagnin e Professor Lemos, ambos do PT, a promoverem uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná – dia 2 de junho (quinta-feira) às 14h no Plenário da Casa – para tratar da educação do campo.
A audiência reunirá autoridades gestoras das políticas públicas na área, universidades e também lideranças dos movimentos sociais da agricultura familiar e camponesa, dos sindicatos de trabalhadores rurais e de trabalhadores em educação, que integram a Articulação Paranaense de Educação do Campo. O objetivo central desse encontro é pautar o tema “educação do campo” no PNE. Entre as autoridades convidadas estão o vice-governador e secretário da Educação do Paraná, Flávio Arns, a diretora de Políticas para a Educação no Campo e Diversidade do Ministério da Educação (MEC), Viviane Fernandes Faria, o deputado federal Ângelo Vanhoni (PT), que é relator do Plano Nacional de Educação (PNE) em trâmite no Congresso Nacional, o presidente do Conselho Estadual de Educação do Paraná, Romeu Gomes de Miranda, e representantes do Ministério Público do estado.
“Sucessão na propriedade rural virou um drama” – O futuro da agricultura familiar fica cada vez mais comprometido à medida em que os jovens abandonam a atividade produtiva e deixam de morar no meio rural. Segundo o ex-secretário da Agricultura e extensionista da Emater-PR da área de Desenvolvimento Rural, Inclusão Social e Juventude, Valter Bianchini, a agricultura perdeu em torno de 20% da sua população jovem na última década. Há aproximadamente 250 mil jovens entre 15 e 24 anos residindo no meio rural. Até 29 anos são 360 mil, ou seja, menos de um jovem nessa faixa etária por propriedade rural. O Paraná, de acordo com o último censo agropecuário, tem pouco mais de 370 mil estabelecimentos rurais. “Sem um conjunto de políticas públicas para a juventude, como educação, cultura, lazer, acesso à terra e crédito, entre outras, fica preocupante o futuro da atividade produtiva”, argumenta a deputada Luciana. “A sucessão na propriedade rural virou um drama”, conclui.
Na audiência pública de amanhã, os participantes também ouvirão relatos das experiências e iniciativas elaboradas e colocadas em prática pelos movimentos sociais. Também conhecerão os desafios e empecilhos da relação com o poder público.
Jornalista: Thea Tavares (MTb 3207-PR).