Artigo da deputada estadual Luciana Rafagnin (PT-PR), publicado originalmente no Jornal de Beltrão.

Foto: Foto: Comunicação/Alep

Por Luciana Rafagnin*

Todos os anos, a história do 8 de março é relembrada para valorizar o protagonismo da luta das mulheres pelos direitos sociais, por condições dignas de trabalho, mas também por um mundo melhor, mais justo, humano e solidário para todos. O 8 de março, convencionado como um dia de comemorações, é um marco no nosso calendário para reforçar o orgulho da liderança das mulheres nas diversas áreas do conhecimento e sua atuação nos espaços de decisão da sociedade, seja em casa, no trabalho, na política, onde as mulheres quiserem estar, participar e manifestar com liberdade seus valores de transformação da realidade.

O dia 8 de março foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, como o Dia Internacional da Mulher. Nesta data, a gente lembra das guerreiras históricas norte-americanas, operárias de uma fábrica de tecidos, que se reuniram para protestar contra a jornada exaustiva de trabalho e reivindicar uma espécie de licença-maternidade. As 125 mulheres morreram em incêndio criminoso na cidade de Nova Iorque. Já em1909, por sua vez, mais de 15 mil mulheres marcharam nessa mesma cidade dos Estados Unidos e fizeram greve contra os baixos salários e, de novo, contra a jornada exaustiva. Do outro lado do mundo, na Rússia de 1917, mais de 90 mil trabalhadoras do ramo da tecelagem foram às ruas denunciar a fome que massacrava seu povo. A campanha “Pão e Paz” foi um dos grandes movimentos que serviram como estopim da Revolução Russa de 1918.

Quando uma mulher protesta contra as desigualdades, o ódio, quando clama pelo enfrentamento à violência e quando reivindica avanços coletivos, ela se apoia e se impulsiona na força do legado das que abriram caminhos no passado, para apontar avanços para as bravas companheiras que trilharão e pavimentam outras conquistas no presente e no futuro. Foi assim no final da década de 80 e início dos anos 90, quando as agricultoras familiares e trabalhadoras rurais defenderam seu direito de serem reconhecidas de fato como trabalhadoras e de conquistarem benefícios previdenciários, como o direito à aposentadoria e à licença-maternidade. Essa luta se materializou nos avanços contidos no texto da Constituição Federal de 1988.

A desigualdade salarial, a sobrecarga de trabalho e a discriminação contra as mulheres ainda é uma realidade dos nossos dias, quase meio século depois da criação do Dia Internacional da Mulher. Na pandemia de Covid-19, elas foram as principais prejudicadas, sofreram o pior impacto do desemprego, do empobrecimento das famílias e da fome. No pior momento da crise sanitária mundial, no segundo trimestre de 2020, de acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 23,6 milhões de mulheres tinham perdido postos de trabalho. No final de 2021, pouco mais de 4,2 milhões ainda não tinham conseguido retornar ao mercado de trabalho.

Essa disparidade salarial entre homens e mulheres ainda motiva protestos e lutas pela equidade de gênero. A distância era, em 2021, de 22% no exercício das mesmas funções.

E em quase um século da conquista do voto feminino (1932), o avanço da representatividade da mulher na política ainda é tímido. As mulheres somam 52% do eleitorado brasileiro, mas, segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no período entre 2016 e 2022, apenas 33% das candidaturas eram femininas, o que resultou na média de 15% de mulheres eleitas. Nas eleições gerais do ano passado, saltamos de 15% para 18% de representação no Poder Legislativo e elegemos, em 2022, 311 mulheres em todo o país, 2% a mais que em 2018. Na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), dobramos a representação: de cinco deputadas estaduais, saltamos para a eleição de dez parlamentares entre as 54 cadeiras e isso garantiu a criação de uma bancada feminina forte no Legislativo Paranaense. No ranking mundial de “Mulheres nos Parlamentos”, no entanto, no comparativo de 190 países, o Brasil ocupa a posição de número 129, com apenas 17,7% de assentos ocupados por mulheres na Câmara dos Deputados.

Precisamos ampliar essa representação porque é mais do que sabido que o olhar feminino muda a política como um todo e transforma definição dos rumos da sociedade. Como combater os feminicídios e fazer o enfrentamento das diversas formas de violência contra as mulheres sem a presença feminina na política? No Paraná, de acordo com o Ministério Público (MPPR), foram registradas mais de 270 mortes e tentativas de feminicídio em 2022. Um aumento de quase 30% nos casos em comparação com o ano de 2021 (212 ocorrências). Esses números estão todos os dias estampados no noticiário, gerando sofrimentos para centenas de famílias ano a ano, deixando órfã outra gama de crianças e amputando o desenvolvimento da nossa sociedade. No interior e no meio rural, essa violência é ainda mais escondida e pouco enfrentada.

É urgente a elaboração e execução de políticas públicas, bem como a definição de orçamento específico para ampliar os direitos das mulheres. Essa é nossa missão no dia a dia e um trabalho de formiguinha para semear e promover ações em favor do respeito e da valorização das mulheres.

(*) Luciana Rafagnin é agricultora familiar, cientista política e exerce o quinto mandato de deputada estadual na Assembleia Legislativa do Paraná.
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Fonte: Assessoria de Imprensa

Autor: Thea Tavares

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