O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem (30) em Uberlândia (MG), onde inaugurou as obras de ampliação do aeroporto local, um contundente discurso contra aqueles que questionam seu comportamento ético
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem (30) em Uberlândia (MG), onde inaugurou as obras de ampliação do aeroporto local, um contundente discurso contra aqueles que questionam seu comportamento ético e se aproveitam da crise para aparecer na televisão. 30/08/2005 – “Resolveram me atacar no que nunca deveriam ter me atacado, porque quem me conhece, sabe como eu sou. Começaram a mexer na questão ética para ver se colocava desconfiança na sociedade”, disse Lula, lembrando que tais ataques recrudesceram depois que as pesquisas de intenção de voto o colocaram como “imbatível” na disputa eleitoral de 2006.
Lula garantiu que continuará tratando a crise com calma e paciência. “Do mesmo jeito que eu agia quando diziam que era imbatível, eu reajo agora, com a tranqüilidade de que a gente tem que tomar as decisões no momento certo, na hora certa, porque nós não fomos eleitos para ficar com raiva de quem não gosta de nós (…). Nós fomos eleitos para governar para 186 milhões de brasileiros, para quem gosta ou para quem não gosta”, frisou.
Segundo o presidente, a tentativa de desqualificação ética vem na seqüência de uma série de ataques feitos contra seu governo desde o início do mandato.
“Tentaram, primeiro, dizer que nós não sabíamos governar; depois tentaram dizer que a máquina do governo estava inchada; depois tentaram dizer que a nossa política era igual à deles. O resultado concreto é que nós estamos há três anos no governo. A média de oito anos era de 8 mil empregos por mês; a nossa média, em 32 meses, é de 104 mil empregos por mês”, afirmou, comparando os resultados de sua administração com a de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Na mesma linha, Lula citou os avanços na balança comercial: “Dizia-se, naquela época (FHC), que era incompatível uma política de exportação com o crescimento do mercado interno; e o Brasil, a cada mês, bate recorde de exportação. Vamos chegar a 110 bilhões (de dólares) e chegaremos, no ano que vem, a 120 bilhões, fazendo o mercado interno crescer, porque as políticas sociais estão cada vez maiores”.
O presidente voltou a citar Juscelino Kubitschek e criticou o uso eleitoral das investigações. “É preciso agir com maior seriedade. Quando alguém tenta fazer um processo de investigação como campanha política ou cena para a televisão, não está colaborando”.
Ele disse esperar que, ao final das investigações, aconteça tanto a punição dos culpados como o reconhecimento da inocência daqueles que possam ter recebido acusações improcedentes.
“Eu, com a mesma justeza que quero ver quem cometeu erros ser punido, eu espero que eu e vocês, um dia, vejamos também aqueles que são inocentes e que foram acusados de forma leviana, que apareça alguém que peça desculpas, que se escreva que ele não tinha aquilo que disseram que tinha, porque normalmente a palavra desculpa não existe para qualquer um. É preciso que se tenha grandeza para pedir desculpas neste país”.
Vaias para Aécio
Durante o evento em Uberlândia, Lula teve de sair em defesa do governador mineiro Aécio Neves (PSDB), vaiado, enquanto tentou discursar, por cerca de quatro minutos. O presidente chamou o governador mineiro para ficar ao seu lado e deu uma bronca no povo. “Eu me sinto desconfortável”, comentou.
Ele disse que “é muito desagradável” um presidente estar em uma inauguração e presenciar cena como essa. Lembrou que nem ele nem Aécio estavam em campanha e que era necessário respeito.
“A gente pode continuar sendo o que quer ser. Continuar com as nossas convicções, mas gostaria de levar em conta que o respeito às pessoas é condição básica. Não quero que ninguém goste mais de mim ou mais do Aécio”, afirmou, sendo aplaudido pelas cerca de duas mil pessoas que, segundo a Guarda Municipal de Uberlândia, participaram do evento.
FONTE: Agência Estado e site da Presidência da República (www.planalto.gov.br).