O Sudoeste do Paraná vive um momento muito fértil e polêmico no debate sobre os rumos da educação. O ponta pé inicial foi dado com o requerimento do deputado Assis do Couto solicitando ao Ministério de Educação estudo para viabilizar uma Universidade Federal. A reivindicação é um anseio popular e se justifica a partir de dados que demonstram a grande quantidade de jovens que precisam sair da região para estudar. Além do mais, na última eleição, nos palanques ouvia-se o discurso de que o Paraná é discriminado em relação aos demais Estados do Sul em termos de universidades federais. Assis, que é um parlamentar inserido e atualizado em termos de necessidades da região, apresentou a proposta se antecipando a parlamentares de outras regiões.
Nem mesmo Assis imaginava que a atitude tivesse tanta repercussão. A sociedade toda está falando do assunto. Uns fervorosamente a favor e outros indignados por acreditar que a proposta não levou em conta uma luta de muitos anos da comunidade do Cefet. É mais do que justo que os protagonistas da luta do Cefet reajam e coloquem seus pontos de vista para a sociedade conhecer e avaliar. E inclusive criticar a pouca ação da sociedade e dos políticos na encampação da idéia de transformar o Cefet em Universidade Tecnológica. Essa reflexão precisa ser feita. Eu mesma, nos quase três anos de mandato de Deputada poderia podia ter compreendido melhor a amplitude da proposta, mas ainda é tempo de gastar energia para compartilhar dessa batalha que é justa. Quem sabe as divergências deste momento, proporcionem à sociedade um melhor entendimento da importância da Universidade Tecnológica, mas principalmente possibilite a todos participarmos do debate com serenidade, responsabilidade e muito respeito as iniciativas.
A divergência parece uma crise. Mas é uma crise de crescimento. Não é crise do vazio, da inexistência de metas, de objetivos. Temos duas propostas, dois caminhos que nos possibilitam optar. Divergências como esta deveríamos ter no mínimo uma por ano pois só assim teríamos condições de manter a sociedade mobilizada debatendo os grandes temas da nossa região. Neste caso acredito seriamente que a divergência nos fará crescer politicamente e colocará o Sudoeste no centro do debate não só no Paraná, mas principalmente no Congresso Nacional.
O momento nos faz também refletir sobre a função dos políticos. Assis é um político decididamente de propostas. E toda a proposta é polêmica. O que não é polêmico é o político de resultado. Uma verba aqui, outra acolá, contentando alguns. Difícil é ser político de projetos estratégicos, a longo prazo, que visualizem o amanhã. Outra reflexão importante é sobre a função das nossas instituições de ensino superior. Não haverá progresso se não tivermos muitas e boas universidades, públicas ou privadas, que definitivamente atuem no meio social como agentes de transformação. É muito bom termos o Cefet, a Unioeste, a Unicentro e a Escola Agrotécnica Federal de Dois Vizinhos atuando na região, mas será bom demais conquistarmos uma Universidade Federal para nossa querida Sudoeste e transformá-la em mais um agente de desenvolvimento econômico, social e político.
Como mãe de dois adolescentes e como cidadã quero participar deste debate, quero fazer parte desta história e como política colocar o espaço de parlamentar a serviço da sociedade do Sudoeste, para construir o consenso. E na minha concepção de vida o consenso não permite a exclusão. O consenso é a soma e não a divisão, a final, as idéias não são antagônicas, são convergentes e tratam com muito carinho e zelo do que há de mais importante na vida das pessoas e da comunidade: a educação.
Com certeza, se tivermos a Universidade Tecnológica e a Universidade Federal daremos um grande salto de qualidade na Educação e estaremos caminhando juntos para o desenvolvimento do Sudoeste.
Autor: Deputada Luciana Rafagnin